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O Reino das Casuarinas
de Jose Luis Mendonca

Português

O romance “O Reino das Casuarinas”, da autoria do poeta, escritor e jornalista angolano José Luís Mendonça, vai ser lançado este sábado dia 25 às 15 horas no Centro Cultural Brasil Moçambique (CCBM), depois de sair em Angola, em Junho de 2014 pela chancela da Texto Editores.

Será a segunda presença em Moçambique deste que é um dos mais afirmados poetas angolanos publicados desde os anos oitenta, numa amizade profícua com o Movimento Literário Kuphaluxa, depois de em 2013 ter publicado em Maputo, a sua obra poética, “Esse País Chamado Corpo de Mulher” no âmbito da Semana Literária organizada por esta agremiação artística e literária.

No livro “O Reino das Casuarinas”, cuja apresentação está a cargo do escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa, são abordados episódios que marcaram a história recente de Angola: da guerra colonial à independência, passando pelo conflito interno que perdurou durante largos anos depois da independência, até às dissidências internas político-religiosas.

José Luís Mendonça relata a história de sete angolanos vítimas da síndroma da amnésia auto adquirida, provocada por traumas devido à sua experiência de guerra, no período compreendido entre 1961 e 1987. Durante o internamento no Hospital Psiquiátrico de Luanda, o grupo decide evadir-se para fundar um Estado na Floresta da Ilha de Luanda, denominado “Reino das Casuarinas”.

O narrador chamado “Nkuko”, mutilado de guerra e impotente devido a uma agressão que sofreu na infância, vai desfiando a história de cada um dos personagens, procurando identificar as causas do estado de perturbação de cada um deles. Conta para tal com a ajuda de um gato chamado “Stravinski”, com particulares dotes musicais, que ele trouxe da ex-Alemanha Democrática, quando terminou os estudos como bolseiro.

Como personagem central, destaca-se o “Primitivo”, presente ao longo de toda a narrativa, que tenta, em vão, resgatar valores e verdades ideológicas. Os outros seis personagens (a rainha “Eutanásia”, o “Povo do Polvo”, o “PAM”, o “Profeta”, o “Katchimbamba”, e o “Cruz Vermelha”) foram vítimas de agressões pessoais, religiosas e políticas.

O objectivo idealista do grupo dos sete “alienados” de transcender a realidade insatisfatória com a criação de um Estado democrático acaba também por ser defraudado devido à ambição de poder de um deles, que decide pôr termo à vida de todos, quando se preparavam as primeiras eleições livres naquele projecto de país utópico.

José Luís Mendonça, nascido em 1955 no Golungo Alto, licenciado em Direito, é jornalista, escritor e poeta. Foi no Musseque do Cazenga, onde viveu a infância e a juventude, que se inspirou para fazer os seus primeiros poemas. Actualmente, dirige e edita o quinzenário “Cultura – Jornal Angolano de Artes e Letras”.

Segundo o professor e crítico angolano Francisco Soares, “é dos nomes relevados ao longo dos anos 80 na poesia angolana, que se destaca pela vitalidade, rigor e continuidade da produção”. Entre as obras de poesia publicadas, citam-se: “A Chuva Novembrina” (Prémio Sagrada Esperança em 1981), “Gíria de Cacimbo” (1987) e “Respirar as Mãos na Pedra” (Prémio Sonangol 1988).
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